O efeito da privação de álcool (Alcohol Deprivation Effect)
- Stefani Busatta
- 30 de jan.
- 2 min de leitura
O efeito da privação de álcool (Alcohol Deprivation Effect) estudado por Doutor Sinclair, a mente brilhante por trás do método sinclair, é um conceito central para entender o papel dos cravings (desejos intensos) na dependência e nas recaídas. Quando uma pessoa com transtorno de uso de álcool tenta se abster sem tratar a raiz neurológica do problema, a vontade de beber não desaparece simplesmente. Em vez disso, é intensificada, criando uma sensação constante de privação.
A dependência de álcool altera o funcionamento normal do cérebro, fazendo com que os desejos se tornem compulsões e impulsos quase incontroláveis. Essa compulsão é frequentemente comparada a uma amante tóxica, enganadora por natureza, que manipula e distorce as prioridades. O que antes era importante perde relevância, enquanto o álcool assume o controle, direcionando comportamentos e pensamentos.
Forçar a sobriedade sem tratar a parte neurológica e cravings (desejo intenso) deixa a pessoa em um estado de constante luta interna. É como viver em uma prisão, onde a vida parece menos agradável e limitada sem o álcool. Muitos tentam sustentar a abstinência com base apenas na força de vontade ou pelo medo das consequências, mas isso frequentemente leva a recaídas. Como já foi dito, a dependência é paciente: ela planta pequenas sementes de dúvida e estresse até que, gradualmente, a pessoa sucumbe.
Essas recaídas não acontecem porque alguém ama mais o vinho ou a cerveja do que tudo na vida. Elas acontecem por causa dos cravings. Longos períodos sem beber frequentemente intensificam os desejos, aumentando a probabilidade de recaída. É por isso que métodos baseados exclusivamente na abstinência apresentam uma taxa de sucesso tão baixa, cerca de 8%. A luta constante contra os desejos geralmente termina com eles vencendo.
O Método Sinclair aborda essa questão de forma única e eficaz. Ele elimina os cravings, permitindo que a pessoa recupere o controle sem sentir privação. Sem essa luta interna constante, as intervenções psicossociais, terapias e grupos como o AA têm muito mais chances de funcionar, pois a mente da pessoa está clara e receptiva.
Uma história recente ilustra bem essa diferença. Um colega partilhou que, quando frequentava o AA, não conseguia assimilar nada do que era dito. Ele só queria que a reunião acabasse para poder beber. Apesar de querer desesperadamente parar de beber para não perder sua família, os cravings eram tão intensos que ele não conseguia se concentrar em mais nada. Foi apenas ao descobrir o Método Sinclair que ele conseguiu superar a compulsão. Hoje, ele vive em abstinência, não por obrigação, mas porque escolheu isso livremente, sem lutas internas.
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